quarta-feira, 15 de abril de 2015

PSICOSSOMÁTICA e CÂNCER

O EFEITO PLACEBO

e

O CASO KREBIOZEN

A história do sr. Wright, de seu médico, dr. West, e do remédio de nome Krebiozen, uma droga considerada no momento como milagrosa para o tratamento do câncer, é um dos relatos mais famosos e comprovados da unidade corpomente, da influência da mente sobre o organismo e do poder do efeito placebo.
Nos últimos anos da década de 1950, o sr. Wright (pseudônimo) deu entrada no hospital com um linfossarcoma terminal generalizado. Apresentava tumores do tamanho de laranjas por quase todo o corpo: no pescoço, na virilha, no peito e no abdome. Respirava com o auxílio de uma máscara de oxigênio, pois seu pulmão estava repleto com um ¨fluido leitoso¨, que, dia sim, dia não, um ou dois litros deste líquido turvo tinham de ser drenados do seu peito para que pudesse respirar. Seu estado já estava avançado demais para que ele pudesse ser submetido ao tratamento daquela época - mostarda de nitrogênio e raios X. Sua única medicação consistia em um sedativo para ¨ajudá-lo a partir¨. Teria no máximo algumas semanas de vida.
Um certo dia, o sr. Wright leu nos jornais a notícia de um novo e potente medicamento, o Krebiozen, que estava sendo examinado e utilizado na clínica onde se encontrava. O quadro clínico adiantado de sua doença não o qualificava a entrar no programa de tratamento com essa droga. Os pacientes aptos deveriam ter uma expectativa de vida de no mínimo três meses, enquanto que, ao pobre sr. Wright, não restavam mais do que uns poucos dias de existência.
A insistência, a persistência e tamanha vontade de viver demonstradas pelo paciente convenceram ao incrédulo médico a inclui-lo no programa. As doses deveriam ser ministradas três vezes por semana, e o nosso paciente recebeu a primeira delas numa sexta-feira. De volta ao hospital na segunda-feira, o dr. West mal acreditava no que via; enquanto todos os outros que se submeteram ao mesmo tratamento não apresentavam nenhum sinal de melhora, o sr. Wright, num espantoso milagre de recuperação, perambulava e conversava satisfeito com todos na enfermaria. No boletim médico, West anotara: ¨as massas tumorais tinham se diluído como bolas de neve num fogão quente e, naqueles poucos dias, se reduziram à metade¨.Em dez dias o paciente recebeu alta, e o homem que há poucos dias mal conseguia respirar, voltou a pilotar o seu próprio avião.
Dois meses depois, ao ter conhecimento de informações que levantavam dúvidas quanto à eficácia do Krebiozen, Wright, desolado e deprimido, tem uma recaída e retorna ao hospital com todos os antigos sintomas. Nesse momento, dr. West percebeu a oportunidade de investigar como os curandeiros e ¨charlatães¨ conseguem suas curas extraordinárias com procedimentos pouco convencionais e aparentemente inúteis. Não havendo mais nenhum recurso médico ortodoxo disponível, e convicto de que o experimento não poderia jamais prejudicar seu paciente, West leva adiante o seu plano.
O primeiro passo foi convencer o sr. Wright de que as primeiras remessas de Krebiozen que utilizaram estavam deterioradas, e uma segunda remessa duplamente mais potente e super-aperfeiçoada estava para chegar em breve. ¨Mentindo deliberadamente¨, escreveu o dr. West, ¨disse a ele para não acreditar no que lera nos jornais, pois o medicamento era mesmo extremamente promissor.¨ Para ser ainda mais convincente, West chegou ao ponto de afirmar que o novo carregamento da droga iria atrasar um pouco, elevando assim a excitação e a expectativa do paciente ao máximo. ¨Quando anunciei que as novas séries de injeções estavam prestes a serem iniciadas, ele ficou extasiado, e com uma imensa fé.¨

¨Com muita encenação, representando bem, apliquei a primeira injeção do novo preparado, de potência dupla - na verdade, água pura, esterilizada.¨ A segunda recuperação da morte, pelo sr. Wright, foi ainda mais espetacular e assombrosa. Novamente as massas tumorais se diluíram, o fluído no peito desapareceu e ele tornou-se ¨a imagem da saúde¨ até os dois meses seguintes, quando o relatório final publicado pela AMA - Associação Médica Americana - informava que: ¨Testes em escala nacional demonstram que o Krebiozen é inútil para tratamento de câncer¨. 
Passados poucos dias, Wright foi novamente internado, e com os sintomas em pleno florescimento maligno, faleceu dois dias depois.
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Este caso clássico da literatura sobre psicossomática é uma prova incontestável da relação corpo/mente e do poder do placebo. Como demonstra a história do sr. Wright, a mente é capaz de curar. Por qual razão ela não teria a mesma capacidade para criar uma doença, qualquer doença?
As doenças contam uma história.
Georg Groddeck
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Fontes:
O Caminho da Cura - Marc Ian Barash - Ed. Nova Era
Amor, Medicina e Milagres - Bernie S. Siegel - Ed. Best Seller
Curas Extraordinárias - Caryle Hirshberg & Marc Ian Barash - Ed. Nova Era
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